Nas Alturas de Xangai

Visitar Xangai é um convite não só para perder-se pelos becos e ruelas da cidade, repletos de roupas penduradas nas janelas, ou tentar desviar-se de bicicletas que brotam sem parar de todas as direções, ou descansar os olhos no grupo de idosas que se exercitam energicamente, enquanto outro grupo desacelera o tempo com seus movimentos de Taichi, mas subir às alturas e pairar em meio à eterna e nebulosa camada gris que circunda os arranha-céus que essa glamourosa metrópole asiática semeou como modelo urbano, diante de um país outrora basicamente agricultural.

Esquadrinhando a geometria de Xangai

Situado a leste do Rio Huangpu – o qual divide a cidade em Puxi (à oeste de Pu) e Pudong (à leste de Pu) -, o centro financeiro de Xangai espraia-se verticalmente pelas ruas da região de Lujiazui. Ali, é possível identificar o cenário de alguns filmes hollywoodianos como Missão Impossível 3, onde Tom Cruise salta do alto do prédio do Bank of China e desliza sobre uma rampa de vidro destilando pura adrenalina. O filme Ela, de Spike Jonze, diretor de Quem Quer Ser John Malkovich, também foi rodado naquele local.

Figurante no filme Ela, de Spike Jonze

Cena do filme Ela, de Spike Jonze: apareço caminhando do lado esquerdo do ator Joaquín Phoenix.


Mais um detalhe da cena do filme Ela, rodado em Xangai, em 2012.

Minha irmã como figurante do filme Ela, do diretor Spike Jonze

 

Conhecido como Abridor de Garrafas, o SWFC (Shanghai World Financial Center) é um ícone arquitetônico entre os arranha-céus da Ásia. No projeto original, cujo principal investidor era a  empresa japonesa Mori Building Corporation, o SWFC tinha sido desenhado para ter um círculo no topo, por onde o sol passaria ao se por, remetendo à bandeira do Japão.  O governo chinês, que tem rixa com o japonês, por conta do Massacre de Nanquim, ocorrido durante a segunda Guerra Sino-Nipônica, entre os idos de 37 e 38, ao tomar conhecimento de tal fato, ordenou que mudassem o desenho do edifício. O que transformou o SWFC num enorme abridor de garrafas a céu aberto.

Para visitar o SWFC, pode-se chegar de metrô, linha 2, estação Lujiazui. O ingresso para se ter acesso ao topo do prédio, que fica no 100.o andar, custa 150 RMBs (R$80) e horas de fila. O chão desse suspenso miradouro é de vidro, o que requer coragem para circular por lá sem ser acometido por uma crise de vertigem.

Para os que têm crias de escorpiões nos bolsos, aconselho um passeio mais divertido e econômico, como atravessar de balsa, a partir do The Bund, para chegar ao local que ficou conhecido como a Cidade dos Jetsons, por lembrar o cenário futurístico desse famoso desenho dos anos 60. Se você for no mês de setembro, a melhor época do ano, aproveite ao máximo o tíbio sol que entorna belos entardeceres por sobre a sedutora e esguia silhueta das paisagens outonais de Xangai. O restaurante 100 Century Avenue, no 90.o, e o Hotel Park Hyatt, no 87.o, oferecem belas imagens de Xangai na faixa. Bem, tudo vai depender do grau de óleo de peroba que você usa. Mas se você sentir-se constrangido(a), a opção mais barata do menu do bar, um bulezinho de chà, vai lhe causar, no bolso, não mais que uma pequena e imperceptível ferida de 9 dólares (R$31).

Conseguir entrar no SWFC e localizar o caminho para os elevadores, que o levarão ao 100 Century Avenue, é meio labiríntico. Portanto, informe-se na portaria. Caso seu inglês não seja tão bom para isso, a melhor maneira para encontrar o fio de Ariadne é pela lateral do edifício, na Dongtai Rd., logo após a entrada do observatório –  como pode ser visto na foto dois, abaixo; próximo do Santana verde, do lado esquerdo é a recepção do Park Hyatt.

Para finalizar esse passeio pelos céus de Xangai, compartilho umas de minhas fotos favoritas que fiz perambulando pelos entornos de Puxi e Pudong.

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P.S.: texto concebido durante o curso Travel-Writer, entre 9-13 de maio, ministrado por Zizo Asnis, autor da série de guias O Viajante.

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